terça-feira, 2 de julho de 2013

09.11.11

Madrugada e eu aqui, como de costume, misturada nos meus textos que oras meus, se confundem com idéias por vir, e pensamentos recém lidos.
E tudo que eu consigo relembrar é aquele dia, pensar em um jeito diferente de contar, sem deixar que saibam.

Não sei como explicar um caco de mulher. Era bem isso que eu fui. Desacreditada, amarrotada, com alma de poeta falido, começando a acreditar em tudo que se lê sobre quando o amor acaba. Triste não é deixar alguém, é encarar a pessoa quando o amor acaba. Não tem coisa mais triste. 
Uma coisa é desistir, rasgar as fotos com raiva, brigar, xingar - tudo isso passa uma hora... Mas quando seus músculos não se mexem mais pra isso, sua boca tem preguiça de se explicar, é onde mora o perigo.
Como quem recolhe os cacos de uma taça de cristal outrora quebrada, eu me sentia fazendo o mesmo, com o coração. Eu sabia que restava naqueles estilhaços um pouco do vinho bebido - o amor compartilhado - mas minha cabeça já pensava com clareza suficiente para saber que um vinho só fica melhor com o tempo quando acondicionado perfeitamente, o que não era acontecia em nenhum dos dois casos.
Uma pizza garantindo uns quilinhos a mais, Coca-cola, chocolate (e logo eu que não como chocolate), e uma noite de domingo no estilo forever alone estava montada, se não fosse aquele telefonema que mudou tudo... E pra melhor!
Uma preguiça me bateu quando pensei que estava com os cabelos ainda sujos do dia na praia, um desânimo de me arrumar para o que seria mais uma tentativa frustrada de diversão. Como sair com uma pessoa que nunca se viu, nem se trocou um olá? Ainda mais naquele domingo, que eu já tinha reservado pra engordar, sofrer pela novela mexicana em que me encontrava, e ficar jogada no sofá da sala de calça larga e camisa de malha. Uma tragédia!
E eu sei que no breve momento de um piscar de olhos, resolvi lavar os cabelos. Peguei o shampoo novo que  havia comprado pra fazer experiência, já que o objetivo era mudar tudo na vida de ponta cabeça. Fui para o chuveiro contando no relógio os minutos que eu ainda tinha, antes que fossem me buscar. 15 minutos para o banho, uns 10 pra me arrumar... Ah não, saia roxa? Calça? Não vou fazer nenhuma maquiagem, ou melhor, vou sim, nunca se sabe.
Enquanto tentava secar pelo menos a franja do cabelo, toca o telefone e pronto, me diziam pra descer que alguém tinha ido me buscar. Olhei bem pra sala, que seria minha única companheira da noite, passei meu perfume, dei uma piscadinha e fui de encontro ao desconhecido.
Enquanto tentava me acertar no salto plataforma (que eu sempre tive dificuldade com equilíbrio), olhei, e lá estava ele. De camisa gola polo, debruçado em cima do carro, como quem faz pose de galã de Hollywood. 
E ele era um galã. Um perfume indescritível que se esvaia junto com toda a minha determinação e coragem a não querer ninguém mais. Todo o discurso que eu repetia pra mim mesma uns 40 minutos antes sobre como o amor nunca seria algo tangível, que palavras rebuscadas não fazem um bom romance, eu já não acreditava mais.
Comecei a contar meus passos, eu sabia que ia tropeçar, eu sempre tropeço, ainda mais nervosa assim. 1, 2, 3, vai, você consegue, um pé na frente do outro. E cheguei na frente dele, sem reação como se estivesse surpreso em me ver. Ai meu Deus, preciso de um inalador daqueles de hospital pra lembrar como respirar.
Me inclinei pra frente, dois beijos no rosto, um vislumbre de campos floridos em dias ensolarados perdidos naquele sorriso que eu recebia e dentro de mim uma voz repetia: isso vai dar MERDA!